A elite sulista diante da sua falta de compostura: que seca é esta?
Por Gilvaldo Quinzeiro
“Miolo de pote”. O caboclo do alto da sua sabedoria usa a
expressão “miolo de pote” (água ou o vazio do pote) quando se refere alguém que
está conversando demais sem levar em conta, da seca da atenção do outro ou que
sua fala em espinho para o outro já se transformou.
Pois bem, nos últimos dias pós-eleição, parece que algum
vaso sanitário que há muito tempo permanecia entupido, foi aberto abruptamente –
tal é a descarga de tantos impropérios vindo dos que se consideram “acima” de todos, para com um povo, sua região e a sua cultura. São pessoas que, dado a sua formação ou
informação jamais deveriam cair nesta esparrela, a saber, jornalistas,
apresentadores, artistas enfim... Todos falando “miolo de pote” neste contexto
pós-eleitoral.
Os nordestinos, portanto, neste contexto de
fundamentalismo e intolerância que nos lembra
os tempos medievais, onde os letrados, os que tinham o poder da palavra era o
clero -, hoje são condenados à fogueira por uma elite que sempre se considerou
europeia! Talvez, por isso, a origem do seu preconceito para com o povo de
origem indígena ou africana, das quais, os nordestinos se orgulham de pertencer!
Estamos vivendo uma crise sim. Uma crise econômica e
política. Todavia, a mais severa das crises, a qual, a meu ver está endurecendo o miolo de todo
mundo, especialmente daqueles que se sentem na posição de olhar os outros lá do
alto -, esta crise meus senhores, é a da
falta d’´água. Naquilo em que hoje o Sudeste está se fazendo de mole só de ver,
o Nordeste aprendeu há muito tempo a se tornar duro, e resistente como pedra.
A seca em qualquer
que seja época ou região desafiará os limites da civilização. Não tenho dúvida que neste momento o que
está acontecendo é à perda do controle
dos esfíncteres por parte da nossa elite. Aliás, a nossa elite que nunca pensou ser de merda, diga-se de
passagem!
Em outras palavras, estamos diante de um cenário que já
era previsto nas narrativas dos nossos “profetas do sertão”: “A roda grande
passando por dentro da pequena”.
Por falar em “profetas do sertão”, há nesta crise (estou
falando da crise que está nos levando a perder o controle dos esfíncteres)
também um conteúdo messiânico ou de fundamentalismo religioso. Algumas religiões estão
se aproveitando para separar “os bons, dos maus” como se os resultados das urnas
eleitorais já fossem o “Dia do Juízo Final”. Não se esqueça, inclusive eu já
havia chamado atenção a respeito disso, de
que o Brasil poderá caminhar para uma teocracia.
Que deus nos acuda meu Deus?
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