Quando os homens perdem as suas cabeças, as dos outros são troféus



 
 
 
 
Por Gilvaldo Quinzeiro

 

 

Com quantas cabeças debaixo do braço o  homem finalmente acha que a sua é  maior do que as dos outros? Não é que  Caravaggio (na ilustração acima) tenha esquecido a sua, mas vê-la dependurada na mão de outro, demonstrou grande  coragem e inspiração para pintá-la!

Enfim, quem matou Osama bin Laden? Robert O’Neill ou Matt Bissonnette? De quem terá sido a “honra” de não ter perdido a própria cabeça, quando a de bin Laden já era exposta na feira como troféu? Qual a próxima cabeça, assim,  como a de João Batista a ser  oferecida de presente?

A leitura correta do mundo, a despeito das suas linhas tortas, não é pela convicção de suas respostas, e sim, pelo nível de suas perguntas. Neste momento o que estamos nos perguntando é: “quem matou quem”? Quando para a Filosofia seria mais profundo se perguntar: “por quem ainda exibimos como vitoriosos uma cabeça como troféu”?

Aliás, neste mundo de  ostentosos chapéus, raras  sãos as cabeças!

Com o exposto aqui se conclui que, apesar do nosso monoteísmo religioso, seja este judaico, cristão ou islâmico,  ainda matamos como se nunca tivéssemos deixados de sermos  seguidores dos “deuses assírios” ou do dos nossos vizinhos astecas.

Por falar em matança em nome dos deuses, quantas crianças estão sendo assassinadas  nas regiões compreendidas entre a Síria e o Iraque, sem que estas  tenham ditos tempo para  duvidar da fé dos seus assassinos! Eu estou me referindo aqui à ação do Estado Islâmico -,  amanhã  poderá ser das ações dos que  assumiram  as dores, dos seus “deuses  feridos”.

Na dúvida, não se mata.  Porém, matar quando a “fé” é o que lhe mantem de pé – é um absurdo!

Que diabo está por trás da nossa falta de “cabeça”?  Eis a questão.

 

 

 

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