A COPA DO MUNDO E A COBERTURA RADIOFÔNICA



Gilvaldo Quinzeiro



Antes da imagem televisiva, o rádio era quem nos dava as cores do espetáculo de uma partida de futebol. Às vésperas da copa do mundo os torcedores corriam às lojas para comprarem um radinho de pilha. Dia de jogo a família e os amigos ficavam empilhados ouvindo a emocionante narração de Valdir Amaral e Jorge Curi, pra mim indiscutivelmente os melhores narradores esportivos do rádio brasileiro.

“Tempo e placar no estádio do Maracanã”! “Tem peixe na rede da Argentina”! Eis alguns dos bordões que ficaram famosos nas narrações esportivas. A cada jogada narrada pelos locutores com tanta vibração, o coração do pobre torcedor parecia querer sair pela boca!


O rádio era mais democrático do que a televisão, porquanto, dava ao torcedor a oportunidade de criar imagem do seu próprio time. cada torcedor poderia imaginar como seria fisicamente este ou aquele jogador. Além é claro de ficar inventando a jogada que levou o jogador a fazer o gol. Ou seja, o rádio possibilitava um exercício da imaginação. Diga-se de passagem que torcer era literalmente uma paixão!


No Final do jogo mesmo sem ter visto a partida, ainda tinha os torcedores que faziam os seguintes comentários: “Fulano de tal nem sequer pegou na bola”! “O jogador fez o gol na banheira”!


Lembro-me de um episódio em que num programa esportivo por volta do meio-dia dia, o locutor estava se referindo a um jogo do futebol maranhense, repetindo o gol, o que na televisão corresponderia ao replay, ai alguém que estava no cozinha perguntou: “de quem foi este gol”? No que um torcedor respondeu: “parece ser um gol que o Moto Clube vai fazer amanha”! Risada de todos!


O rádio ao contrário do que muitos pensavam, não só resistiu à força da televisão, como conquistou mais espaços com Internet e outras mídias. Pena que na época em que os nossos jogadores colocavam literalmente o “coração na juteira”, não se podia ver estas heróicas imagens. Hoje, porém, a maioria dos nossos atletas joga apenas como diria o caboclo, “para sair bem na fita”!...

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