DINHEIRO, FEZES E CONHECIMENTO: UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE A SUBJETIVIDADE.
Gilvaldo Quinzeiro
Em tempo de crise econômica internacional, onde os impérios ora inquebrantáveis ruem qual poeira nos desertos, e que só abruptamente no ápice da crise nos damos conta através dos comentaristas econômicos que ate então faziam apologia a esta mesma economia, de que “tudo é virtual” – cabe uma discussão em torno do valor que nós agregamos ao dinheiro. Valor este sem o qual, o dinheiro não teria o poder que nos faz “matar e morrer” por nada, por que no final das contas, o dinheiro vale o que se acrescenta a ele de nós. Em outras palavras, é tempo também de se discutir a subjetividade. Para isso, entretanto, vamos nos valer dos fundamentos da Psicanálise.
É exatamente o genial e polêmico Sigmund Freud que ao falar do desenvolvimento psicossexual dos indivíduos, faz um comparativo entre as fezes, objeto relacional da criança no período denominado Anal, e o dinheiro. Como assim? A criança usa o ato de expelir ou reter as fezes (uma manifestação do controle da criança sobre o corpo) para também exercer “controle” sobre os pais ou aqueles que dela cuidam. Isto é, os excrementos adquirem por parte das crianças um valor extraordinário. Valor este que revela, sobretudo a “engenharia da subjetividade” atuando desde cedo em nós, na edificação e manipulação da realidade. Com dinheiro acontece à mesma coisa, ou seja, usamos o dinheiro para ter controle sobre as pessoas; nos livrar de quem não desejamos; ter atenção de quem precisamos, isto é, com o poder que atribuímos ao dinheiro este ganha “alma”; a “alma” da qual nos desprendemos para dar vida ao dinheiro tornando mundo absolutamente (des)humano.
Conclui-se, portanto, que fezes e dinheiro a principio não são nada, exceto quando os significamos. Por efeito, o verdadeiro poder que atribuímos ao dinheiro paradoxalmente está em nós. Assim sendo, podemos, por exemplo, fazer do “abraço”, do “aperto de mão”, uma moeda de troca, e, por conseguinte a partir desses valores que também é nosso construir um mundo de “seres amantes”.
Falando desse poder que vem de nós e que acrescentamos as coisas, tal como já citado acima, vale ressaltar também que em tempo de violência, onde a vida das pessoas é ceifada com a mais absurda das “normalidades”, o poder do qual se utiliza os bandidos para nos matar é originado e sustentado pelo nosso medo. Medo este que se transforma numa “química excitante” para que os bandidos ajam com cada vez mais força. Em outras palavras, cada vez mais os bandidos ganharão status de fantasmas que se alimentarão como vampiros da nossa alma ensangüentada de medo.
Portanto, discutir a economia ou a violência apenas como dados estatíscos é simplificar e ocultar a face da realidade. Realidade esta ocultada tal como se joga o lixo por debaixo do tapete. Alias este é por assim dizer, um exemplo, de como tem sido o processo civilizatorio, ou seja, negando a natureza imanente ao sujeito.
O leitor a esta altura deve estar se questionando, mas tudo isso não é uma loucura? Mas, afinal é sim uma loucura! O próprio conhecimento segundo Jacques Lacan é paranóico. E que, portanto a loucura tem muita a nos ensinar sobre a “normalidade”. Ainda segundo Lacan o homem moderno é por si mesmo um sintoma desta loucura. Diante do exposto se faz necessários alguns questionamentos: Qual o destino da humanidade? Por quais meios vamos evitar as catástrofes já anunciadas? Ser-nos-á difícil dar uma resposta categórica a esta pergunta ou talvez nenhuma resposta, porém, uma coisa se faz urgente – dialogar com a nossa subjetividade sob pena de virmos a perdê-la para o “discurso único e globalizante” que eclipsa a fala do sujeito, hoje quase mudo em seu diálogo interior.
Dialogar, pois com esta subjetividade, significa voltar “às cavernas” em busca da ‘luz que falta lá fora”. Hoje não mais pela ausência de luz, mas pelo excesso que se transforma quantitativamente em escassez . Ou seja, voltar as nossas raízes no mais profundo e obscuro poço do qual somos constituído, não para nele permanecer, mas, para dele emergir é tão vital quanto também discutir os novos modelos econômicos ou que solução adotar diante das catástrofes ambientais. Neste sentido, a Psicanálise sempre esteve escavando na escuridão da alma humana, que é o seu objeto de estudo, a face que deixamos escapar de nós por conta do nosso processo civilizatorio. E por isso mesmo se torna ao contrário do que muitos pensam, uma ciência da contemporaneidade, e como tal uma ferramenta indispensável no estudo da subjetividade.
Em tempo de crise econômica internacional, onde os impérios ora inquebrantáveis ruem qual poeira nos desertos, e que só abruptamente no ápice da crise nos damos conta através dos comentaristas econômicos que ate então faziam apologia a esta mesma economia, de que “tudo é virtual” – cabe uma discussão em torno do valor que nós agregamos ao dinheiro. Valor este sem o qual, o dinheiro não teria o poder que nos faz “matar e morrer” por nada, por que no final das contas, o dinheiro vale o que se acrescenta a ele de nós. Em outras palavras, é tempo também de se discutir a subjetividade. Para isso, entretanto, vamos nos valer dos fundamentos da Psicanálise.
É exatamente o genial e polêmico Sigmund Freud que ao falar do desenvolvimento psicossexual dos indivíduos, faz um comparativo entre as fezes, objeto relacional da criança no período denominado Anal, e o dinheiro. Como assim? A criança usa o ato de expelir ou reter as fezes (uma manifestação do controle da criança sobre o corpo) para também exercer “controle” sobre os pais ou aqueles que dela cuidam. Isto é, os excrementos adquirem por parte das crianças um valor extraordinário. Valor este que revela, sobretudo a “engenharia da subjetividade” atuando desde cedo em nós, na edificação e manipulação da realidade. Com dinheiro acontece à mesma coisa, ou seja, usamos o dinheiro para ter controle sobre as pessoas; nos livrar de quem não desejamos; ter atenção de quem precisamos, isto é, com o poder que atribuímos ao dinheiro este ganha “alma”; a “alma” da qual nos desprendemos para dar vida ao dinheiro tornando mundo absolutamente (des)humano.
Conclui-se, portanto, que fezes e dinheiro a principio não são nada, exceto quando os significamos. Por efeito, o verdadeiro poder que atribuímos ao dinheiro paradoxalmente está em nós. Assim sendo, podemos, por exemplo, fazer do “abraço”, do “aperto de mão”, uma moeda de troca, e, por conseguinte a partir desses valores que também é nosso construir um mundo de “seres amantes”.
Falando desse poder que vem de nós e que acrescentamos as coisas, tal como já citado acima, vale ressaltar também que em tempo de violência, onde a vida das pessoas é ceifada com a mais absurda das “normalidades”, o poder do qual se utiliza os bandidos para nos matar é originado e sustentado pelo nosso medo. Medo este que se transforma numa “química excitante” para que os bandidos ajam com cada vez mais força. Em outras palavras, cada vez mais os bandidos ganharão status de fantasmas que se alimentarão como vampiros da nossa alma ensangüentada de medo.
Portanto, discutir a economia ou a violência apenas como dados estatíscos é simplificar e ocultar a face da realidade. Realidade esta ocultada tal como se joga o lixo por debaixo do tapete. Alias este é por assim dizer, um exemplo, de como tem sido o processo civilizatorio, ou seja, negando a natureza imanente ao sujeito.
O leitor a esta altura deve estar se questionando, mas tudo isso não é uma loucura? Mas, afinal é sim uma loucura! O próprio conhecimento segundo Jacques Lacan é paranóico. E que, portanto a loucura tem muita a nos ensinar sobre a “normalidade”. Ainda segundo Lacan o homem moderno é por si mesmo um sintoma desta loucura. Diante do exposto se faz necessários alguns questionamentos: Qual o destino da humanidade? Por quais meios vamos evitar as catástrofes já anunciadas? Ser-nos-á difícil dar uma resposta categórica a esta pergunta ou talvez nenhuma resposta, porém, uma coisa se faz urgente – dialogar com a nossa subjetividade sob pena de virmos a perdê-la para o “discurso único e globalizante” que eclipsa a fala do sujeito, hoje quase mudo em seu diálogo interior.
Dialogar, pois com esta subjetividade, significa voltar “às cavernas” em busca da ‘luz que falta lá fora”. Hoje não mais pela ausência de luz, mas pelo excesso que se transforma quantitativamente em escassez . Ou seja, voltar as nossas raízes no mais profundo e obscuro poço do qual somos constituído, não para nele permanecer, mas, para dele emergir é tão vital quanto também discutir os novos modelos econômicos ou que solução adotar diante das catástrofes ambientais. Neste sentido, a Psicanálise sempre esteve escavando na escuridão da alma humana, que é o seu objeto de estudo, a face que deixamos escapar de nós por conta do nosso processo civilizatorio. E por isso mesmo se torna ao contrário do que muitos pensam, uma ciência da contemporaneidade, e como tal uma ferramenta indispensável no estudo da subjetividade.
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