TRIBUTO AO TAMBORETE

Gilvaldo Quinzeiro



Numa época dominada pelos sofisticados objetos de multiuso, tais como, celular, computador entre outros, o tamborete no “tempo das lamparinas”, era por assim dizer, um avanço. Aliás, pobre da casa que não possuía um tamborete!


O tamborete é um utensílio doméstico, com a parte superior coberta de pele de boi ou de jacaré, provavelmente de origem africana, utilizada ainda hoje como cadeira nas residências pobres da zona rural do nordeste. O tambor(ete) como o próprio nome alude, pode ser também é um instrumento de percussão, mas que teve seu uso ampliado para outras utilidades. È exatamente a metáfora, o seu multiuso, ou, como diria Lacan, o seu significante que tomamos aqui o tamborete como objeto de estudo.

Pois bem, o tamborete quando sobre as pernas de um sujeito era usado nas “futrica” como instrumento de percussão, tal como se fala no popular “tamborete de forró”.. Por outro lado, quando ao contrário, ou seja, é o sujeito que se senta na perna do tamborete este se torna num instrumento de percussão sagrado usado nos terecôs ou festas ritualísticas, de caráter religioso.

O tamborete quando colocado com as quatro pernas pra cima, era usado como um “andar-já”, isto é, a criança era colocada em pé, tendo a proteção da armadura da cadeira. Alem disso, nesta mesma posição o tamborete se transforma em símbolo erótico. Talvez, ai aguçando a libido tão característica nas camadas mais pobres da população.


O tamborete quando de pernas no chão, a parte superior pra cima, ai sim, é usada como cadeira. Três ou mais tamborete sobre o outro é a escada do pobre no manuseio de objetos que se encontram nas alturas. Três pares de tamborete no meio da casa, são preparativos para receber o defunto no caixão ou na rede. Isto sem falar que em festa onde tinha “cabra valente”, o tamborete era uma arma que afugentava, os encrenqueiros!....

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