A IMAGEM, CORPO E A VIOLENCIA

Gilvaldo Quinzeiro



1. A “Imagem” é mãe não do espelho, mas daquele que sem este não se (re)conheceria, isto é, do corpo, mas, não do corpo qualquer – o Corpo cuja imago é também a imagem do Outro, a saber, o homem. Dito de outra forma, o espelho sem a imagem é como a palavra sem o Outro.


2. Numa época em que as palavras se tornam escassas em comparação com a quantidade de coisas para serem significadas, “as imagens” se tornam não só prevalentes como até a sua “antropomorfização”, o tormento para Corpo que sem a mediação do Outro vive em si “o inferno” que antecede as palavras.

3. Fato este que nos faz retornar as condições de vida nas cavernas, onde o corpo era usado como “coisa em si”, para de si se (des)coisificar. Neste sentido, o corpo funciona também como substituto da mais arcaica ferramenta de trabalho e de guerra. Certamente, antes de o homem dominar o mundo com as palavras, o fez com o uso do corpo.

4. O que se observa no nosso tempo é a perplexidade, a “não-palavra”, diante da esmagadora quantidade de estímulos que não encontram meios adequados para se efetuar a descarga. “Bombas explosivas”, eis no que se constituem os corpos.

5. A violência é uma das conseqüências desta perda de referencial no mundo das palavras, e que atinge a todos, mas de modo especial aos jovens. Estes, sentindo-se despedaçados jogam seus corpos em batalhas sangrentas como se fossem uns simples brinquedos para obter, enfim, o esmagamento real do corpo - resposta sem palavras - ensaio para uma possível e nova civilização (?).

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