A TOPOGRAFIA DA VIOLÊNCIA



Gilvaldo Quinzeiro

A violência é uma linguagem. Uma linguagem em resposta ao “que de si se perdeu, o que a si nunca pertenceu, num duelo do si para si com o não - outro”, tal como o cão reage à perda do osso para o outro cão que pelo osso fez de si o para si. Ou seja, sendo uma linguagem que antecede a fala que antecede ao sujeito, a violência se dirige ao “não - outro” que pela sua falta não edificou o “sujeito” e, este por sua vez se depara com o não-objeto que instala em si o si da falta. Do anunciado acima chegamos à conclusão de que a violência é uma resposta ao “apagamento do sujeito” pela falta de alteridade. Em outras palavras, a violência é o “vir –a- ser” que já é em si o que não deveria ser por não ter quem fala por ela.

A raiz da violência na contemporaneidade deve ser distinguida da raiz da violência dos tempos primevos. A saber, a primeira é produto da "luta do homem pelo osso", isto é, da “não civilização”; a segunda é imanente a “animalidade” que emerge com a quebra dos paradígmas civilizatórios . Ou seja, a violência na contemporaneidade é a perda de paradigmas dos paradigmas sem paradigmas – o fracasso da civilização!

Assim sendo, podemos falar do não-sujeito; do não-outro bem como do não-objeto como uma das características inerente aos tempos atuais –, uma coisa ocupando o lugar do sujeito, enquanto o que emerge desse é uma linguagem, a violência, como antecipação ao vir-a-ser.

Nos tempos primevos o paradigma do sujeito era a mãe-natureza que por si só coincidia no que homem se identificava; nos tempos atuais, porém, quem é a mãe dos homens? A resposta a esta pergunta não é a mesma que responderá as causas da violência?



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