O TAMBOR
Gilvaldo Quinzeiro(texto)
O que seria das tribos africanas sem o batuque de seus tambores? O que teria sido dos escravos na dura rotina dos canaviais do Brasil sem o “poder da transcendência” dos tambores? A expressão “bater um tambor” é o mesmo que nos dias de hoje, “fazer uma terapia”. Aliás, a terapia que não nos devolver o “cantar e o bailar” não pode ser comparado à eficácia de um tambor.
O tambor é uma espécie de “útero de almas” em substituição ao corpo que padecia, isto é, se durante o dia, o corpo era sede da violência que o esmagava, a noite o tambor era “alma” que transcendia a todos os castigos.
Como bailar e cantar se o corpo já não existia? Por quem bailavam as almas?
O fato é que o batuque com seu efeito na psicomotricidade movia o corpo “esfolado” pelos castigos para além dos açoites – uma viagem a um outro lugar habitado pela esperança! Era como se diz, “a cara do tambor que amanhece o dia...” Enfim, o tambor! ...
O tambor foi quem de fato “libertou” os escravos não só da dor, mas fundamentalmente da própria escravidão, tal como um pinto quando esmagado pela pata de um boi era “ressuscitado” pelas crianças colocando-o debaixo de uma “cuia” batucando sobre esta.
O batuque de um tambor, é o segredo de quem em tempo de depressão frustra a morte, porque a morte não mata a quem baila sob o som do tambor!
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