A FACE OCULTA DA VIOLÊNCIA

Gilvaldo Quinzeiro

Tal como uma cena do teatro grego, a violência nossa de cada dia possui inúmeras faces ocultas por máscaras cujos atores, ora ocupam papel de protagonistas, ora de platéia. Isto significa dizer que:
a) somos todos de alguma forma responsáveis pela violência;
b) a violência é historicamente construída, e como tal, atende a interesses diversos.
Assim sendo, a não-violência é como a verdade, isto é, depende do interesse e do poder para se tornar algo vigente.
A “civilização” nada mais é do que um “tapete persa com o cisco debaixo”. Em outras palavras, tal como se constrói uma cidade sobre um pântano, uma civilização é edificada sobre uma natureza cuja força se insiste em negá-la. O próprio homem, no entanto, é um misto de uma natureza animalesca e de uma outra que se “humaniza” á medida que a primeira é aniquilada.
Portanto, aos poucos perdemos a condição de ser humano para nos transformarmos apenas em “seres consumidores”, ou seja, em "coisas".
O que seria da indústria bélica sem a “violência nossa de cada dia”? O que seria dos shoppings center se o consumidor pensasse antes de efetuar a compra? O que seria do capitalismo se ao invés do dinheiro o “abraço e a caricia” fossem instituídos como moeda de troca? O que seria da mídia se as crianças e os jovens fossem brincar nos parques, ao invés de ficarem o dia todo em frente ao um computador ou de uma televisão? O que seria da indústria de brinquedo se a cada criança fosse ensinada a confeccionar seus próprios brinquedos?



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A roda grande passando pela pequena

Os xukurú, e a roda grande por dentro da pequena...

Medicina cabocla