A DIMENSÃO FANTASMAGÓRICA DO GOZO

Gilvaldo Quinzeiro



Uma mulher “pelada” é igual a todas: a nossa mãe; a nossa irmã, a mulher do vizinho -, a diferença entre estas, mesmo estando nua é exatamente o nosso olhar sobre elas. O mesmo também pode ser dito em sentido contrario pelas mulheres, em relação aos homens. A saber, é o olhar da mulher sob o homem pelado que faz a diferença deste em relação a outro.


Este “nosso olhar”, entretanto, se difere de qualquer outro olhar, porque acrescenta ao objeto olhado, algo que é essencialmente nosso, isto é, a fantasia. Assim sendo, um ser “fantasmático” no dizer de Lacan, é exatamente o que vemos e pelo qual nos excitamos e fazemos sexo.


O orgasmo é por assim dizer, o ponto de encontro entre “dois ou mais fantasmas”, que nunca se vêem, mas que retornam o encontro no dia seguinte. Em outras palavras, o gozo é de uma ordem na qual uma terceira pessoa interfere decisivamente para que o “gozo ou não gozo” se realize.


Assim sendo, não há um gozo sexual em si mesmo que não se dirija a um outro terceiro . Neste sentido, o “gozo ou não gozo” é imanente as reminiscências do Complexo de Édipo e o de Castração. Aqui cabe a seguinte questão: para quem então o indivíduo goza?


Por outro lado, se levarmos em conta que cada um dos parceiros tem um Outro fantasmagórico, far-se-á um quarteto amoroso, no qual a realização do gozo assume uma dimensão outra, que torna impossível quaisquer realizações humanas, haja vista que não é humana a categoria do gozo.

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