UMA PEDAGOGIA PARA O FIM DO MUNDO
Gilvaldo Qunzeiro
Paradoxalmente, o mundo que se ergue do conhecimento é também o mundo que velozmente não se contempla, porque o conhecimento com o qual se cria o mundo agora, já está prenhe do outro mundo a ser criado mais tarde. De sorte que o presente nos arrasta precocemente para o futuro.
Dito com outras palavras, a sociedade contemporânea que vive sob a égide de tudo o quanto é cientifico e tecnologicamente avançado, enfrenta o dilema de não ter homens e mulheres que o contemplem na sua complexidade, mas, sobretudo, que não sejam capazes de, com mais conhecimentos evitar o seu fim.
Assim sendo, se faz necessário se pensar e se praticar uma pedagogia nascida deste dilema, e porque não dizer, uma pedagogia para evitar o ‘fim do mundo’
Esta Pedagogia da qual falamos e precisamos praticar passa necessarimanento pelo enfrentamento dos desafios fantasmagóricos da sala de aula que, se não é o bicho como muitos afirmam, mas certamente é nosso maior achado antropológico, isto é, o elo entre a barbárie e a civilização.
Isto significa dizer, no entanto que, se na educação não houver lugar para o “desejo” que é morada do “corpo”, qualquer palavra dita, mesma com a mais nobre intenção de educar – tornar-se-á apenas fonte de discrepância, como tem sido discrepante muito dos discurso sobre o ato de educar. Tal como o da mãe, a fonte da esquizofrenia, quando não consegue falar à criança cujo corpo é sua comunicação na mediação e realização de seus desejos.
O corpo está para o contato auditivo, assim como atenção está para aprendizagem, isto é, a palavra dita, sem que se saiba antes a que corpo tocar, é no mínimo “desviadora “ da atenção; e com esta desfocada, a aprendizagem será impossibilitada.
Por fim, O ato de aprender é, pois, de uma índole na qual só se aprende o que se deseja aprender; só se deseja aprender o que se deseja para si e só se deseja para si, o que é também pelo outro desejado.
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